​​ ​ CocaÃna
Uso crónico
O uso repetido de fármacos pode provocar alterações neuroplásticas que provocam: dependência fÃsica (resposta normal que pode ser revertida com a redução gradual do fármaco) ou levam ao uso compulsivo e descontrolado da droga (vÃcio).
A evolução de uma dependência fÃsica para um vÃcio depende:
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-  da droga: Drogas que produzem sensações agradáveis como a euforia têm maior probabilidade de viciar e de reforçar o seu uso. Com um inÃcio de ação rápido o potencial uso abusivo é maior pois há imediatamente perda de controlo sobre o uso da droga.
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-  do utilitário: O efeito das drogas varia entre indivÃduos devido ao polimorfismo entre os genes que codificam as enzimas que intervêm na absorção, no metabolismo, na excreção da droga e nas respostas provocadas pelos receptores. Assim, a mesma quantidade administrada (em mg por Kg de peso) pode ter variações entre diferentes indivÃduos.
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-  do ambiente: A pressão social pode ser causadora da iniciação e continuação do uso de drogas.​
Existem fenómenos farmacológicos importantes mas independentes dos apetos social e psicológico. Com o uso continuado da cocaÃna, o SNC tende a adaptar-se à s alterações, ocorrendo essencialmente três fenómenos:

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1. Tolerância

Com o uso prolongado de cocaÃna começam a ser necessárias doses cada vez maiores para a obtenção do mesmo efeito. O aumento da dopamina na fenda sináptica, por bloqueio dos receptores de recaptação de dopamina, leva à redução de disparos neuronais e ao aumento da clearance. Com isto, há uma depleção da dopamina extracelular caracterÃstica do uso crónico de dopamina. Este mecanismo de neuroadaptação provoca uma dependência fÃsica e não somente para satisfação psÃquica como exista inicialmente.
O organismo começa a ter maior capacidade de metabolizar a toxina e as células-alvo alteram o seu funcionamento, resultando numa diminuição da sensação de euforia e uma redução da frequência cardÃaca que apesar de tudo continua aumentada.

2. Sensibilização/ Tolerância reversa
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Há um aumento da resposta com a repetição da mesma dose da droga. Com a sensibilização dá-se uma depleção dopaminérgica na sinapse, provocando alterações anatómicas e funcionais como um aumento do número e sensibilidade dos receptores pós-sinápticos da dopamina bem como dos receptores pré-sinápticos. No uso continuado de cocaÃna há uma hiperactividade motora, uma vez que a dopamina libertada na fenda, permanece mais tempo nesta e alcança receptores mais sensÃveis para estimular. Assim, os efeitos da cocaÃna são acentuados mesmo com administração de dose constante.
3. Kindling
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A exposição repetida à cocaÃna pode despoletar convulsões, resultantes do fenómeno kindling, termo criado por Goddard em 1969. Na sensibilização podem ocorrer estÃmulos eléctricos subconvulsivos, repetidos e intermitentes que geram convulsões generalizadas. No uso crónico, a resposta neuronal é potenciada mesmo com doses reduzidas de substância, uma vez que os neurónios são mais sensÃveis à cocaÃna. Isto é o que Post e Kopanda designam de kindling farmacológico.
O desenvolvimento e expressão do kindling envolve a alteração do funcionamento elétrico do sistema lÃmbico devido ao uso contÃnuo de cocaÃna. No entanto essa actividade eléctrica pode alastrar para fora do sistema lÃmbico provocando convulsões generalizadas. Este fenómeno está também associado ao desenvolvimento de psicoses.


Figura 16 - Curva dose-resposta
Brunton LL, Chabner BA, Knollmann BC (2012) As bases farmacológicas Terapêuticas de Goodman & Gilman. The McGraw-Hill, 12 ed. São Paulo, pp 649-654.
Referências Bibliográficas:
[14] Brunton LL, Chabner BA, Knollmann BC (2012) As bases farmacológicas Terapêuticas de Goodman & Gilman. The McGraw-Hill, 12 ed. São Paulo, pp 649-654.